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Malvasia-Fina, uma casta histórica do Dão

 

Toda a Europa vitícola, desde a Antiguidade Clássica, se rendeu, e continua a render, aos encantos da Malvasia, cuja origem, ainda que obscura, deva ser o Médio Oriente. A história da chegada da casta ao nosso País é desconhecida e, provavelmente, nunca será possível reconstituí-la, mas é de admitir que tenham sido os romanos que a trouxeram até ao extremo ocidental da Península, do mesmo modo que a dispersaram por outros territórios do império. Não é no entanto de excluir a hipótese de ter sido trazida, séculos antes, por gregos ou fenícios, como sugerem alguns autores. Na Crónica da Conquista de Ceuta, onde se descrevem os grandes festejos que o Infante D. Henrique organizou em Viseu, em 1414, meses antes da partida para Ceuta, já Gomes Eanes de Azurara exaltava a Malvasia do Dão: “(…) vieram alli piparotes de malvazia, com muytos outros vinhos, brancos e vermelhos, da terra de todallas partes honde os avia milhores”. Também Herrera (1515), em Espanha, e Ruy Fernandes (1532), em Portugal, a referem, sendo provável que tivesse uma boa distribuição em ambos os países no século XVI.

 
 

Não é possível, no entanto, assegurar que essa casta seja a atual Malvasia-Fina do Dão, onde também é conhecida por Assario Branco e Arinto do Dão. Das 13 malvasias existentes em Portugal a Fina é, sem dúvida, a dominante e a mais apreciada, estando muito expandida no centro e norte do País e, também, na Madeira onde é conhecida por Boal. É uma casta enologicamente muito versátil, dando excelentes licorosos em regiões quentes, como no Douro, e belos espumantes e brancos de mesa em regiões frescas como Távora-Varosa e Dão. Os vinhos são muito perfumados e com pouco acidez, devendo ser bebidos enquanto jovens. No Dão é frequentemente loteada com o Encruzado ou o Cerceal-Branco originando os afamados brancos da região, que se caracterizam pela elegância, frescura de boca e boa longevidade. Dado o seu perfil aromático não ganha em ser fermentada em barricas.