O seu nome sugere uma origem espanhola, que foi confirmada quando ampelógrafos portugueses a encontraram, em 1994, no noroeste de Espanha, na fronteira de Castela-Leão com a Galiza, onde recebia o nome de Mencía ou Tinta Mencía e detinha o estatuto da casta mais nobre da denominação de origem Bierzo. Na região do Dão é cultivada, pelo menos, desde os meados do século XIX, sendo citada, nos inquéritos vitícolas de 1865, como das castas dominantes no concelho de Mangualde. A forma como a casta chegou até ao coração da região do Dão deverá ficar, para sempre, no anonimato da história, embora seja lícito admitir que tenha sido trazida por peregrinos regressados à pátria através dos caminhos de Santiago. Era esta, aliás, uma das formas reconhecidas, no passado, de disseminação das castas europeias. Após a crise filoxérica a sua expansão na região foi muito grande, graças à generosidade das suas produções, precocidade, que lhe permite atingir excelentes graduações alcoólicas, e intensidade corante, que confere aos vinhos uma bela cor granada. Mas também tem alguns problemas, que a levam a ser uma casta controversa.
O principal é, sem dúvida, a sua difícil adaptação a zonas demasiado húmidas e férteis, onde, apesar de produzir muito, apodrece com facilidade e origina vinhos pouco graduados, pouca cor, ácidos e, por vezes, rascantes, que depreciam os lotes dos vinhos correntes em que entram. Quando está no solo certo o principal mérito da casta é originar vinhos que arredondam depressa e estão prontos a beber muito novos, a exemplo do que acontece com muitos vinhos alentejanos. Apesar de serem um pouco rústicos, dada a fraca acidez que têm, o caráter do seu aroma e principalmente a suavidade na boca tornam estes vinhos gulosos e excelentes companheiros para as refeições do dia a dia. Apesar de já não ser das preferidas nas novas plantações está dispersa por toda a região, particularmente em Mangualde, Nelas e Gouveia.
O consumo do vinho do Dão
nas casas senhoriais da região.
